Um papo sobre hormônios

Um papo sobre hormônios

 

imagem: Pexels


       A ciência está demonstrando que as ações hormonais independem das doses recebidas pelo organismo. Logicamente, grandes variações deveriam produzir alterações no comportamento. Porém, não é o que se observa. Muitas vezes, mudanças leves trazem resultados psíquicos severos. Assim, como durante a infância pequenas doses de estrógenos determinaram a feminilidade, na senectude também são necessárias minúsculas quantidades.

Estrógenos:
São substâncias responsáveis pela produção do ESDRO (o lado feminino). No ser humano agem determinando a feminilidade, desde as primeiras células intra-uterinas, nas formas dos órgãos genitais e no corpo da menina, até seu comportamento ao longo de toda a sua vida.

A partir da puberdade o estrogênio que passa a ser mais importante é o Estradiol (E2), o qual se torna responsável pela ciclicidade da menstruação, sendo referente à fase fértil da mulher entre 21 e 41 anos – ideal para a reprodução).

Outro estrogênio, a Estrona (E1) é derivado de um androgênio chamado de estrogênio da menopausa. Mas, apesar de serem estrogênios, sua potência e metas são diferentes. O E2 é fabricado principalmente, e não somente, nos ovários e liberado na primeira fase do ciclo mensal e menstrual da mulher. E para quê? O imperativo hormonal nessa fase é a sedução e ela usa de todos os meios disponíveis para sentir-se mais atraente, mais feminina. Porém, este hormônio em baixas quantidades, o estrogênio tem sua meta alterada e faz com que a mulher externe uma feminilidade masculinizada.

Quando o organismo é invadido pelos estrógenos, ela se apresenta ao mundo de forma característica:

· Postura sedutora, como de uma femme fatale (mulher fatal), porém sem iniciativa porque precisa de testosterona para ativar-se;
· Busca ao máximo externar a sexualidade;
· Peles lisas, sedosas, brilhantes, cheirosas (também pela interação com os ferormônios);
· Romântica;
· Sensação de ambiguidade;
· Comportamento ativo e agressivo;
· Persistência, bom humor, clareza de pensamento (é um antidepressivo);
· Melhor compreensão das coisas que a cercam;
· Melhor vigilância e disposição;
· Melhores paladares, olfato mais sensíveis;
· Não leva desaforo para casa;
· Reduz o estresse;
· Reduz o apetite.

Como ver a falta de estrógeno:
· Postura relaxada, sem cuidado com a aparência;
· Submissa e apática;
· Pele seca e enrugada;
· Depressão, medo, apreensão;
· Irritabilidade;
· Insegurança;
· Pessimismo.

Como influenciar o AUMENTO de estrógeno:
· Inclua alimentos derivados da soja, grão rico em hormônios naturais;
· Passe algum tempo cuidando de sua aparência;
· Faça exercícios físicos, dança – estimulam a produção desse hormônio.

Progesterona:
É uma substância fundamental à mulher por favorecer a menstruação, a fecundação, o transporte e a implantação do óvulo fecundado até o útero, a manutenção da gravidez e a lactação. No entanto, ela só age quando há ação prévia e concomitante dos estrogênios. Ela é conhecida como o Hormônio da Gravidez.

É produzida, fundamentalmente, no ovário, nos 15 dias que se sucedem à ovulação do corpo lúteo – que é o local onde mensalmente sai o óvulo. Esse hormônio é liberado na segunda fase do ciclo. Ele vai preparar o corpo da mulher para uma possível gravidez.
É importante lembrar que a progesterona é um hormônio diretamente ligado à reprodução, e pelo fato de hoje em dia a primeira menstruação chegar aos 12 anos e a mulher gestar, em média, apenas duas vezes ao longo de sua vida, esse estímulo hormonal pode ser prejudicial por cobrar uma gestação que não ocorre ou que só acontece duas vezes na vida.

Estando grávida ou não, o comportamento da mulher estimulado pela progesterona passa a diferir da fase anterior, a fase estrogênica. Ela procura proteger-se e vai em busca da qualidade do ninho. Ela cuida mais da casa, do lar, do que de si mesma. Tem uma vida mais íntima que pública, é mais caseira e menos social. Sua meta é a COOPERAÇÃO, sente mais cansaço e sono, chora mais facilmente, fica muito emotiva, materna, participante. Ela se entrega, esquece o que lhe fizeram de mal, perdoa, compreende. Deixa-se envolver por conversas carinhosas e acalentadoras.

Como ver e sentir a presença de Progesterona:
· Inchaço geral;
· Pele opaca;
· Postura maternal, de braços abertos;
· Aumento de peso;
· Diminuição do odor feminino (diminui a libido);
· Preservação da gravidez;
· Se em associação com a Prolactina, acaba com o desejo sexual;
· Atitude pacificadora;
· Esquecimento, distração;
· Comportamentos esquizóides, rabugentos, autodestrutivo;
· Incerteza;
· Necessidade de dar e receber proteção;
· Agressão defensiva (vive se justificando);
· Depressão;
· Irritabilidade;
· É um sedativo leve, porém, se a quantidade desse hormônio for alta, funciona como anestésico;
· Depressão suave, pois degrada a serotonina;
· Aumento da temperatura corporal;
· Sensação de estar gorda – na TPM aumenta a diurese;
· Desejo alimentar;
· Perda do sentido do tato;
· Causa fadiga e esquecimento.

Como influenciar o AUMENTO de Progesterona:
· A única maneira de aumentar a progesterona é pelo uso de anticoncepcionais orais. Sua produção é alta durante a gravidez e o aleitamento.

A interação dos Hormônios e Outros Elementos:
Os estrogênios agem sobre os neurotransmissores e os opiáceos naturais (morfina natural), principalmente a ENDORFINA – com a meta de aliviar a dor e oferecer sensações de prazer. EX: quando a pessoa pratica esporte ou outras atividades físicas de esforço que poderiam causar dor, com a liberação de endorfinas o que sentimos é prazer. Explica-se a euforia que o esporte causa.

Endorfinas:
Elas controlam a temperatura basal do corpo (rubor, quente e frio), atuam sobre o sistema cardiovascular e respiratório, ativam a transpiração, aliviam a dor, interferem no humor e na atividade locomotora. Pessoas deprimidas têm baixa liberação de endorfinas e quanto mais inativas forem, menor será a taxa de endorfinas no seu organismo.

Ação das Endorfinas:
· Regulam o eixo hipotálamo-hipófise (pontos do fígado);
· Controlam a temperatura basal (rubor quente e frio);
· Atuam sobre o sistema cardiovascular e respiratório;
· Ativam a transpiração;
· Aliviam a dor;
· Melhoram o humor;
· Interferem na atividade locomotora (deprimidos têm preguiça);
· Aumentam a ingestão de alimentos e água;
· Influem no comportamento sexual;
· Diminuem as psicoses – diminuem as alucinações nos esquizofrênicos;
· Previnem a depressão;
· Reduzem o estresse.

Como sentir a Falta de Endorfinas:
· Alterações de temperatura (rubor, quente e frio);
· Pulso aumentado;
· Insônia;
· Ansiedade e depressão;
· Nervosismo e irritabilidade;
· Dores musculares e nas articulações;

Como influenciar o AUMENTO de Endorfinas:
A prática regular de exercícios físicos e de atividades prazerosas pode aumentar a liberação de endorfinas no organismo.
Andrógenos:

Suas metas são os múltiplos aspectos da masculinidade. Entre os hormônios androgênicos é a TESTOSTERONA, fabricada nos testículos, ovários e supra-renais. Nos homens, ela encontra-se presente de 20 a 40 vezes mais do que nas mulheres e seu trabalho é torná-los lógicos, sensatos, sintéticos, irritados, bélicos, bem-humorados. Nas mulheres, aumentam do 07 (sétimo dia)até o 17 dia do ciclo, aumentando o desejo sexual.

Porém, mulheres com androgênios altos não têm ciclos menstruais regulares: podem se tornar obesas, com pêlos grossos do tipo masculino, ter queda de cabelo e, em casos graves quedas totais de cabelo. Também são propensas a abortos espontâneos. Quanto maior o nível de androgênios, maior a agressividade, mesmo que desnecessária. Melhora a cognição e é um antidepressivo potente, altamente estimulante de fantasia, novidade e autoconfiança.

Esse hormônio tem como meta a competição e o belicismo. Em situações que poderiam ser resolvidas com calma. As pessoas hipertestosterônica usam de violência. Em situações de vitória, suas taxas também se elevam, aumentando ou facilitando a produção de adrenalina. É mais alta pela manhã e possui ciclos de 15 a 20 minutos. Este fato torna o homem mais apto para o sexo pela manhã, ao contrário da mulher, que nesse período tem menores taxas de estrogênios (melhora a noite ou depois do almoço).
Sabemos que na esteroidogênese fisiológica (produção dos asteróides), a testosterona pode transformar-se em estrogênios, sem feminilizar o homem nem masculinizar a mulher, mas quando esse processo é alterado, leva à virilização da mulher com hipertrofia (crescimento exagerado) muscular e do clitóris, e mudança do timbre de voz.

Na sua forma natural e em níveis normais, aparece no organismo feminino em fluxos rápidos, principalmente durante a excitação sexual.
Gonadotrifina Coriônica:
Esse hormônio só entra em ação quando a mulher está grávida e sua meta é levar a gestação até o término através da função placentária. Ele é produzido a partir da fecundação do óvulo por tecidos que compõem a gestação. É o hormônio que denuncia, pelo aparecimento no sangue e na urina da mulher, a gravidez.
Sob a ação da gonadotrofina coriônica, o organismo feminino não rejeita a presença de outro ser em seu interior (o feto no útero), torna-se mais sensível, cooperativa e, ao mesmo tempo, a mais feroz defensora de sua “criança”.

Alguns de seus efeitos colaterais, com enjôos, intolerância a cigarros, drogas, álcool, etc... São classicamente chamados de: Sintomas da Gravidez.
Quando a taxa desse hormônio é reduzida em consequência da falta de progesterona, pode ocorrer um aborto de causa hormonal. Também é em função da redução de sua taxa, no final da gestação, que é desencadeado o processo de trabalho de parto.

Prolactina:
Antigamente acreditava-se que esse hormônio tinha a única função de produzir o leite para a amamentação. Hoje se sabe que a Prolactina tem influência na performance sexual de homens e mulheres. Produzida pela hipófise, e diretamente subordinada ao córtex cerebral, ela aumenta durante a gravidez e atinge seu pico máximo na amamentação.
Ela diminui o desejo sexual das mulheres durante a gestação e o diminui mais ainda durante a amamentação, época em que inibe também a lubrificação que ocorre nos genitais durante a fase de excitação da mulher em um encontro amoroso. Na fêmea não humana, é responsável pelo fato de não aceitar a cópula estando grávida.

No homem, os efeitos da elevação da taxa são mais drásticos: ele torna-se impotente e tem baixa produção de espermatozóides.
A prolactina pode elevar-se pelo uso de medicações (como calmantes remédios para enjôo, inclusive o estresse, distúrbios da tireóide, como também a chamada – do aviador – que explica o estado de extremo cansaço que ocorre aos passageiros de vôos aéreos muito demorados).

Os aspectos emocionais e racionais ficam alterados, pois esse elemento inibe as sensações levando à depressão, fadiga e grande diminuição da atenção, respectivamente.
Adrenalina:
É um neurotransmissor com a meta de preparar o organismo para reagir diante de uma ameaça. Na mulher, ao longo dos últimos seis mil anos, era pouco solicitado. A partir do momento em que o estilo de vida passou a ser mais competitivo, ele tornou-se mais presente. Grandes descargas de adrenalina têm como consequência distúrbios do sono, enfartes agudos do miocárdio e fadiga crônica, episódios clínicos raros entre as mulheres no passado, porém comuns nos dias atuais.

É a adrenalina que, liberada em excesso, gera os sintomas do estresse. Portanto, é um neurotransmissor que tenderia a igualar os gêneros do ponto de vista do comportamento, mas sua associação aos estrógenos leva a diferentes resultados de quando em conjugação com os andrógenos:
* adrenalina + estrógenos = Conflito;
* adrenalina + andrógenos = Ações Impulsivas
OBS: Situações de perigo e de tensão aumentam com as descargas de adrenalina.

Serotonina:
É um neurotransmissor que tem como meta a modulação do humor. Em altas doses de euforia, em quantidades muito baixas pode provocar depressão, podendo levar até ao suicídio.
A serotonina aumenta o desejo de comer doce e estimula o apetite de modo geral. Também modula o desejo sexual: em concentrações muito altas ou muito baixas.
O ideal é a serotonina fisiológica para uma vida de qualidade. Suas ações em relação aos androgênios são paradoxais: a serotonina diminui quando a testosterona sobe e há aumento da virilidade. Na mulher, se a serotonina aumenta, a testosterona diminui a entram em ação os estrógenos, proporcionando maior feminilidade.

Quando as taxas de serotonina são muito baixas, levam a comportamentos instáveis como o alcoolismo e suas consequências. A circulação de serotonina é estimulada quanto mais intensa e satisfatória for a vida sexual (aumenta 200% o nível de peptídeos – faz com que se veja e se leia mais obras românticas). Pessoas que vivem sob dietas rigorosas estão sujeitas a terem baixos níveis desse elemento.

Ocitocina:
Secretada pela hipófise posterior, porém encontrada em todos os tecidos do corpo, está ligada ao contato físico. Tem grande importância durante o parto e seus picos ocorrem durante o orgasmo e a amamentação (durante o aleitamento, faz com que o leite materno seja ejetado logo após o toque do bebê no seio).

Como é um hormônio ligado ao toque, acompanhamos desde o nascimento até a morte, só desaparecendo quando não somos mais acariciados. E os momentos em que melhor mantemos contato físico acontecem durante a fase do parto, a amamentação e o coito por toda a vida. É por isso que abraçar e acarinhar são tão importantes para a nossa saúde e a escolha de quem nos toca também é vital. 
Trocar carícias com quem não amamos não libera Ocitocina. No homem acelera a ejaculação e aumenta a sensibilidade do órgão reprodutor masculino.
A ocitocina também age em conjunto com os estrogênios, aumentando sua ação. Assim se explica por que uma mulher bem-amada por um homem de quem gosta tem maiores possibilidades de não ter deficiências desse hormônio. A atividade sexual saudável é o maior estímulo para a sua produção: quanto maior o contato físico, maior o índice de ocitocina.

Ferormônios:
É um tipo especial de ação hormonal. Na natureza esse elemento é responsável por uma silenciosa rede de comunicação química à distância entre os seres vivos. Um exemplo de sua poderosa ação ocorre entre as mariposas e borboletas. As fêmeas emitem ferormônios que viajam pelo ar a milhas de distância, induzindo os machos a voarem em direção à fonte emissora. Insetos como formigas, cupins e vespas produzem uma série variada de ferormônios que regulam suas vidas sociais. Nas abelhas produtoras de mel esse elemento produzido pela rainha inibe o sistema reprodutivo das abelhas operárias, que só podem botar ovos após sua morte.

Nos mamíferos essa substância é liberada como atrativo sexual, para demarcar território, emitir sinais de alarme ou transmitir outros tipos de mensagens. Ela pode regular o mecanismo neuroendócrino dos receptores à distância, determinando-lhes o comportamento de forma sutil, porém eficientíssima.
Nos humanos parece que há um contágio emocional, ou seja, sentimentos de simpatia ou antipatia podem ter, em parte, uma influência ferormonal. 

Fonte: (Bethânia Coelho Silva Santos - Psicóloga)